AS VIRTUDES DE JOÃO BAPTISTA

                                                É necessário que ele cresça e que eu diminua. (Jo 30,30) João Baptista

  

Com toda a certeza vos afirmo: Entre os nascidos de mulher não se levantou ninguém maior do que João, o Baptista; entretanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele. (Mt 11,11) Jesus Cristo

 

Quem foi João Baptista e porque ele é importante

A Bíblia está repleta de líderes exemplares cujo expoente máximo é, indubitavelmente o Senhor Jesus Cristo! No entanto, hoje, prefiro abordar sobre as virtudes que podemos encontrar na pessoa de João Baptista, como um líder. Mas, antes disso, acho necessário fazer saber quem foi este João.

Para os cristãos, João Baptista tem grande importância, por ser o precursor de Jesus. Ele viveu sua vida anunciando a chegada do Filho de Deus. Já no Antigo Testamento, em Isaías, 40:3, havia o anúncio de um profeta que prepararia o caminho de Jesus. Em Marcos, 1:1-14, confirmamos que a “voz que clama no deserto” é referência ao último profeta — João Baptista —, que veio anunciar os ensinamentos de Deus e preparar o povo para a chegada de Jesus. Pregando o baptismo e a conversão dos pecados, ele se tornou bastante conhecido, alcançando com seus ensinamentos muitas pessoas da Judéia e Jerusalém. Porém, uma de suas principais falas se refere, exatamente, a sua principal missão, anunciar Jesus.

Em Lucas, 1:13-17, acompanhamos a passagem da revelação do anjo Gabriel a Zacarias, o sacerdote do templo, sobre o nascimento de seu filho João, apesar de sua esposa, Isabel, ser considerada estéril. “(…) e terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe.

 E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem-disposto.” João Baptista era parente de Jesus, pois sua mãe, Isabel, era prima de Maria. Por sinal, para aprender mais sobre a Bíblia, te convidamos a fazer parte do nosso clube de devoção.

Crescendo, João Batista viveu no deserto da Judéia, até que começasse sua pregação por toda a região ao redor do Rio Jordão, batizando a todos e promovendo a conversão dos pecados. Para isso, usava palavras duras, como vemos em Lucas, 3:7-8.

“Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele: raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.” Em seu ministério, destaca-se também o próprio batismo de Jesus, no qual ele é revelado como o próprio Filho de Deus, conforme Mateus, 3:16-17.

A morte de João

Tendo repreendido o rei Herodes por sua conduta pecadora, ao se casar com a esposa de seu irmão, João foi preso. Porém, o rei tinha medo dele e o protegia. Mas Herodíades, sua esposa, o odiava e, por isso, armou um plano para que ele fosse morto.

Conforme vemos em Marcos, 6:17-29, aproveitando-se que o rei prometera um prêmio à filha dela, Herodíades manda que a moça peça a cabeça de João em uma bandeja. Com isso, ele é decapitado, e seus discípulos resgatam seu corpo e o enterram. João Batista foi um grande profeta, que pregou o evangelho, alertando a todos de sua época sobre a conversão dos pecados. Sendo morto por um ato de vingança, ainda assim, foi reconhecido como um homem santo em seu tempo e, ainda hoje, é um dos maiores nomes da crença cristã.

 

João Baptista e suas virtudes

João Baptista, um senhor que conhece o Senhor

Logo no início do seu ministério, João Baptista deixou bem claro o propósito pelo qual ele estava ali e o porquê do seu trabalho.

Eu, na verdade, vos baptizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível. Mateus 3:11,12

João Baptista dava testemunho de Cristo exatamente como ele é. E, em poucas palavras, descreve-o correctamente e profeticamente. E essa descrição não era apenas um “papo furado” ou puro “lambebitismo” mas sim, reverência! E isso pode se ver quando ambos encontram-se face a face pela primeira vez (ou pelo menos, pela primeira vez que a Bíblia cita, digo isto porque a mãe de ambos eram parentes, eles também, e tinham praticamente a mesma idade. Suponho que tenham se visto algures por aí).

A respeito disso, vale citar o Comentário Bíblico digital em português que afirma o seguinte:

“à luz de João 1:31-33, pode se perguntar como João reconheceu a superioridade de Jesus… Não podemos deduzir que estes dois parentes fossem totalmente estranhos um ao outro, mas antes, que João ainda não sabia que ele era o Messias oficial até que lhe fosse dado o sinal do espírito que desceu do céu em forma de pomba (João 1:33)

Ainda podemos observar que: Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João o impedia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Jesus, porém, lhe respondeu: Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu. Mateus, 3:13 – 15

João Baptista conhece os limites do seu chamado

Surgiu então uma contenda entre os discípulos de João e um judeu acerca da purificação.E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele. Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele. Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve, regozija-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, este meu gozo está completo. É necessário que ele cresça e que eu diminua. João 3:25 – 30

Este excerto mostra-nos a capacidade enorme de gerir conflitos a meio a “crise” ministerial de João Baptista. Essa espécie de “decadência” não afectou directamente no ministério de João Baptista. Aliás, o progresso do ministério de Jesus Cristo também era a continuidade do propósito pelo qual Baptista fora “trazido” ao mundo. Embora não fosse o próprio João Baptista a falar ou preocupar-se com o desenvolvimento de Cristo – mas sim, os um de seus discípulos e um tal judeu – João Baptista não se focou na “fofoca” mas aproveitou a oportunidade para dar testemunho do seu ministério e a grande satisfação do resultado fulcral do seu ministério que era preparar o caminho para Cristo e apresentá-lo ao povo!

Muitas vezes nós não somos assim, ao meio às crises e fofocas nos limitamos a revidar. Perdemos a cabeça, ficamos nervosos, nos envolvemos em fofocas e, infelizmente procuramos denegrir ou sujar o ministério do outro. O sucesso do outro tem sido uma dor para nós. Não deveríamos ser assim, mas isso deveria nos dar maior satisfação e alegrarmo-nos com o sucesso do outro.

Um líder confiável, respeitável e comprometido com a verdade

Não temos muitas evidências sobre o seu papel directo sobre o seu relacionamento com os seus discípulos mas os poucos detalhes que temos são óbvios que os seus discípulos o confiavam e o respeitavam. Podemos ver isso através de alguns episódios em que os seus discípulos (inclusive o povo) vinham ao seu encontro para obter informações sobre o Reino, a vida pessoal e colectiva, sobre relações humanas e laborais. Note-se que João Baptista não foi um doutor da lei ou qualquer um de renome de acordo os títulos e qualidades aceites naquele sistema religioso da época.

Ora vejamos o seguinte:

E muitos iam ter com ele [Jesus Cristo], e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade. João 10:41

Mesmo quando disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu deste testemunho, ei-lo baptizando, e todos vão ter com ele (João 3:26) não mudou seu posicionamento e, verdadeiramente respondeu e disse: O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dado do céu. João 3:27

Um líder que dava testemunho contínuo do Senhor

No dia seguinte [depois do dia do baptismo] João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse:

Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia. Este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia. Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim batizando em água. E João deu testemunho, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. João, 1:33 – Eu não o conhecia; mas o que me enviou a batizar em água, esse me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito, e sobre ele permanecer, esse é o que batiza no Espírito Santo. João, 1:34 – Eu mesmo vi e já vos dei testemunho de que este é o Filho de Deus. João 3:29 – 34. Mesmo assim, no dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos. E, ainda, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus! João, 1:35,36.

Ele tinha tamanho prazer e satisfação em apresentar Jesus Cristo aos seus ouvintes cumprindo exatamente o seu papel. Note que estes acontecimentos foram sucessivos visto que o termo no dia “dia seguinte” nos fazer entender isso. E todos acontecimentos acima apresentados sucederam após o testemunho de João Baptista durante o baptismo de Jesus Cristo.

Podemos reter alguma lição aqui: não devemos nos cansar de dar testemunho do Senhor!

Um líder comprometido com a verdade e a justiça

João Baptista foi um líder comprometido com a verdade e que não abandona os seus princípios e mesmo que isso lhe custe a vida. Ele conhecia o comportamento dos líderes de sua época e, mesmo assim ousou desafiar a Herodes advertindo-o sobre o seu pecado ao querer tomar a esposa do seu irmão. Ele nunca foi “escovinha” e tão pouco “engraxou” os sapatos dos políticos e sei lá quem mesmo ciente que isso poderia feri-lo de algum modo! Porque Herodes tinha prendido João, e tinha-o maniatado e encerrado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; Porque João lhe dissera: Não te é lícito possuí-la. Mateus 14:3,4

 Vamos entender aqui o que aconteceu trocando a ordem dos versículos. Primeiro, João enfrentou ao seu governante dizendo-lhe que não era lícito que ele possuísse a esposa de seu irmão (chamada Herodias) – Mateus 14:4 – e, consequentemente, irado com o posicionamento deste pregador, Herodes “prende a João, manda que seja maniatado e é encerrado no cárcere (Mateus 14:3).

Mas por que João Baptista não agiu indiferentemente diante dessa situação? Será que não seria prudente que João Baptista ignorasse o assunto e “deixasse andar”? Vamos aqui entender que era de facto Herodias e o porquê de João Baptista apresentar a sua posição relativamente a relação dela com Herodes.

Segundo um comentário bíblico digital em português, Herodias era filha de Aristóbulo, um meio-irmão de Antipas. Fora esposa de seu tio Herodes Filipe, dando-lhe uma filha, Salomé. Entretanto, Antipas, persuadiu-a para divorciar-se do marido para casar-se com ele embora estivesse casado com a filha do rei Aretas. Tal casamento era adultério e, também incesto!

Podemos igualmente ler na Bíblia de Estudo MacArthur (2010, pp.1233 – 1234):

Herodias, mulher de Filipe, seu irmão. Herodias era filha de Aristóbulo, outro filho de Herodes, o Grande; desse modo, ao unir-se com Filipe, ela estava se casando com próprio irmão de seu pai. O que precipitou a prisão de João Baptista foi o facto de que Herodes Antipas (outro tio de Herodias) convenceu Herodias a deixar seu marido (irmão dele) para se casar com ele (Marcos 6:17), configurando assim um incesto, bem como uma violação de Levítico 18:16 “Não descobrirás a nudez da mulher de teu irmão; é a nudez de teu irmão”.

E, da mesma forma, lê-se em Bíblia de Estudo de Genebra (2008, p.1253): Herodias era filha de Aristóbulo, um dos filhos que Herodes, o Grande, matou e era também neta de Herodes, o Grande. Ela se casou com seu meio-tio Filipe, mas, depois, abandonou-o por outro meio-tio, Herodes Antipas, o meio-irmão de Filipe. Casar-se com a ex-esposa de um irmão vivo é proibido em Levítico 18:16.

Mas sim, por que João Baptista não ignorou isso e “deixa-se andar”?

Creio que, para além de ser ilegal, João Baptista não se conformava com a injustiça! O que não é justo continua não sendo mesmo para alguém que possui tamanho poder! Uma vez que Herodes era um representante máximo da região, aquela situação deve ter vitalizado até “nas redes sociais”. Era de conhecimento público. Alguém tinha que apresentar este “abuso de poder” e crueldade daquele “boss”. E isso serviria de exemplo para qualquer um.

Podemos aprender através deste acontecimento que, não devemos estar ou ser indiferentes diante injustiças nem que para tal, possamos apontar o dedo alguém independente de quem seja!

Um líder que está pronto para deixá-los ir (para Cristo)

Uma liderança eficaz, até onde posso entender, não é sobre nós, é no entanto, sobre a missão e o outro. É conduzir a um caminho verdadeiro e saudável sem, no entanto, defraudar o direito desse mesmo outro. É sobre deixar o outro crescer e desenvolver e, se possível, deixar esse outro voar!

No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos. Olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus! Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus. João, 1:35 – 37. Muitas vezes fazemos discípulos para nós mesmos não para Cristo. Nos apoderamos deles. Tornamos nossa propriedade mas João Baptista entendeu que os discípulos estariam em boas mãos por isso permitiu que estes fossem a Cristo.

Um líder humano e sábio

Assim como qualquer um, João Baptista era um ser humano susceptível a dor, necessidades físicas, emocionais. Foi um líder também que não era omnisciente (tal qual Jesus). A meio a crises, de alguma forma, foi afetado pela situação que estava a ser vivida, vide o versículo 2 do capítulo 11 de Mateus que eu designaria de versículo introdutório: Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe.

Embora hajam várias interpretações sobre o real motivo de “mandar perguntar a Cristo se, de facto és tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro? Mateus 11:3

Desespero ao ponto de “duvidar de Cristo”. Eu vejo aqui uma pessoa sábia e focada sempre no reino e na justiça. É sábio porque, diante de sua situação actual (a de estar encarcerado) lhe impossibilitava perguntar pessoalmente daí que mandou perguntar ao Cristo. Não ficou murmurando pelos cantos do cárcere ou com os colegas de cela. Ele perguntou a pessoa certa e que lhe daria a resposta certa. O Mestre!

Não é mau perguntar a Deus sobre algo que não entendemos e temos vários exemplos disso maioritariamente nos livros de salmos. Mas o problema maior é: à quem perguntamos?

 

Referências bibliográficas

Bíblia de Estudo MacArthur (2010). Almeida Revista e Actualizada. Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri, São Paulo.

Bíblia de Estudo de Genebra (2009). Almeida Revista e Actualizada. 2ª ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, São Paulo: Cultura Cristã.

Comentário Bíblico Digital em português

https://blog.doxabox.com.br/joao-batista/ consultado em 21 de junho de 2023, pelas 2:59min.

 

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